sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Van Gogh de trazer por casa


Hoje, acordei com uma sensação diferente. Ou o quarto cheirava a mar (facto interessante, dado que ainda me encontro a uns bons kilometrozitos da costa) ou eu estava mais leve, mais feliz, mais apaixonada pela vida.

Puxo as persianas, abro a janela e as nuvens ameaçadoras confirmam-me que não eram os raios de sol que me despertavam tal sensação. Fixo os montes verdejantes já demasiadamente salpicados pela construção humana, viro-me para o meu cavalete e… “É isso! Vou pintar!”. Ansiosa, despacho o trabalho de manhã e reservo a tarde para uma bela sessão de pintura.

Remexo os CD’s empilhados ao acaso, escolho Zero Seven e ligo a aparelhagem. Embriagada pelas diferentes matizes, formas e volumes que me rodeiam, retiro do armário o estojo de pintura a óleo. Abrir aquela caixa de madeira robusta relembra-me o prazer que tive aos quatro anos, na noite de Natal, ao desembrulhar um pequeno mas muito esperado estojo de aguarelas. Preparo uma tela branca, fixo-a no cavalete, retiro a paleta e escolho cuidadosamente os pincéis e uma espátula de ponta redonda. Encho um godé duplo com óleo de linhaça e terebintina – “não esquecer a regra gordo sobre magro” - recordo, olho a medo para o secante de cobalto e resolvo deixá-lo de parte.

Coloco uma esponja e um pano a jeito, protejo o chão do quarto com folhas de jornal (para não ouvir as habituais queixas, pela enésima vez) e debruço-me sobre os pequenos tubos de tinta, perfeitamente alinhados por ordem cromática. “Ora bem, branco titânio, amarelo cádmio, amarelo ocre, laranja carne, vermelho cádmio, carmim, laca magenta, azul cobalto, azul turquesa, azul da Prússia, terra verde, marron de garança, terra siena natural, gris de payne, violeta escuro… preto marfim… Mas o que é que eu vou fazer?”

Boa pergunta. Fiquei a pensar nela durante a tarde inteira. Dei voltas e voltas. Lembrei-me de tudo e mais alguma coisa mas nada me despertava. Lá para as vinte horas, guardei as tintas, a paleta, os godés, os óleos e terebintina, embrulhei os pincéis, dando especial atenção aos de pêlo de marta. Tudo com a mesma reverência mas zero alento.

Esta noite, quando me deitar, VOU REZAR para que, para a próxima vez que for bafejada com desejos de pintar, ao menos que também seja iluminada com uma ideia concreta do que fazer!

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Será alguma coisa que andou no ar?

Ao que parece, a sexta-feira passada deve ter tido rasgos de "wierdness", pois outros houve que, no dia seguinte, se apresentaram no Welness assim...





Ela há coincidências felizes

Se há coisa que toda a gente sabe, mesmo a mais pequena alminha distraída, é que a chuva me deixa verdadeiramente desgostosa e inconsolável.

Obviamente, na sexta-feira estava de rastos. Ideia brilhante... vou ao solário! Chego a Picoas, corro para dentro do centro solar para fugir às malfadadas e irritantes gotas de àgua, entro e cumprimento a moça, com a ansiedade de sentir aquele calorzinho rejuvenescedor na pele.

Creme abundantemente espalhado, óculos de protecção colocados e deito-me relaxadamente. A música ideal, o calor e a brisa confortantes, o cheiro tropical do creme e sou transportada para a Polinésia, para as Maldivas, ou até mesmo para a Costa da Caparica, que não estou em altura de ser esquisita. Estava nas nuvens. Passei pelas brasas LITERALMENTE!

Pela pouca afluência naquela tarde e por alguma caridade, a rapariga deixa-me dormir sossegadamente e os dez minutos foram largamente estendidos. A melhor soneca do mundo, garanto-vos! Saí de lá com o maior sorriso nos lábios.

O resultado é que foi “ligeiramente” diferente do esperado, mas valeu-me ser carnaval e permitir-me no dia seguinte aparecer na aeróbica... ASSIM!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Sim, é Carnaval!


Preparem-se, minhas cobaiazinhas, para andarem às voltas nas minhas mãos...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Sugestões para uma noite romântica


O Leite Condensado passou ao lado da discussão em torno da interrupção voluntária da gravidez mas não poderia deixar passar este dia em claro. O Dia dos Namorados!

Por isso, aqui ficam alguns conselhos, muito úteis para a noite de hoje. Lingerie? Perfume? Visual? Onde jantar? Nada disso! O que está a dar é...

Como estragar o jantar de namorados perfeito.

É certo e sabido que as mulheres devem atrasar-se um pouco para aguçar a curiosidade do companheiro. Desta vez, substituindo o vulgar atraso de meia hora, opta por aparecer apenas no dia seguinte. Mais, reclama pelo atraso dele!

Convida todos os teus ex-namorados para jantar convosco. Se não forem muitos, convida os teus pretendentes ou a malta dos pesos lá do ginásio.

Quando trouxerem o prato principal, vira-te para o casal ao lado e grita para ela “Tu não podes impedir o nosso amor! Eu amo-o e tu não podes impedir o nosso amor!”.

Se o empregado perguntar se precisam de alguma coisa, faz barulhos com o sovaco.

Sempre que o teu namorado te quiser beijar, fala do historial do herpes na tua familia. Ou espirra com se lhe tivesses alergia... De seguida, pergunta com ar enjoado se ele entretanto mudou de perfume.

Terminada a sobremesa (de chocolate quente, que acidentalmente deixaste cair em cima das suas calças), agradece-lhe, faz um beicinho e pede-lhe para te levar ao ballet. Não te esqueças de dormir durante todo o espectáculo e de roncar como se não houvesse amanhã! À saída, diz-lhe entusiasmadamente que adoraste a noite e que foi bem melhor que todas aquelas noites de sexo que já tiveram!

No caminho para tua casa, não te esqueças de lhe pedir para dar boleia ao maluquinho mal cheiroso que vos pede dinheiro todos os dias. Faz questão disso se o teu namorado levar o BMW.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Queremos mais destas!

Salsa & Hip Hop fusion.

Momento alto: Disco night style às 10h00 da matina de um Domingo soalheiro (É obra!)!

Já agora... onde está o Wally?



segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Quando eu pensava que o meu mundo não poderia ficar mais abalado...


É defeito da cadeira? É o prédio que vai ruir? Não, é um sismo!

Bolas... a cadeira abanou que se fartou.

E os meninos do BES que fugiram, hein?

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Audições

Gostas de tocar às campainhas dos teus vizinhos e fugir?

Quando vês alguém a fazer balões com a pastilha, não resistes e rebenta-los com um estalo?

Passas metade do teu dia de trabalho a pensar em como enganar o teu chefe?

Então temos o trabalho ideal para ti!

Contacta-nos já e habilita-te a fazer parte da equipa de trabalho mais doida já vista!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O português a descobrir o gato fedorento que há em si


31 de Janeiro, Metro de Odivelas.

A rotina que marca o ínício do mês para muitos portugueses. A compra do passe social.

- Boa tarde, é o Combinado 001, por favor.
- São €33,20.

Entrego a quantia ao senhor, fito as notas com a dor de quem ainda não teve tempo suficiente para as conhecer e já se está a despedir.

- Não tem outra nota igual a esta? É que esta nota é falsa!
- Desculpe?? – Balbucio após triplo engasgo. – Está a brincar?
- Estou sim! É que toda a gente faz essa cara! É tão engraçado! - Vira-se para a colega e ri.

Eram só cinco euros. Mas perdi anos de vida.

É mais um português a seguir a via da comédia.

P.S.- Alguém que me arranje adjectivo para “essa cara”. Cara de que são só cinco euros que já me custa entregar, ainda para mais para andar enlatada nos autocarros e metros que tardam a chegar, cinco euros que são um número pequeno mas que significam menos dois e meio Milka Chocolate branco, um almoço num centro comercial, um casaco na lavandaria ou um bilhete de cinema com ajuda alheia. Cara de que, com tanta gente para ludibriar, foram logo escolher aquela que ainda não é mais uma excêntrica entre os portugueses.

O meu Banco


Se há coisa que eu evito, fujo a sete pés, pago fortunas para alguém ir em meu lugar, é ir à dependência bancária do meu banco, que fica mais próxima de casa.

Eu ando kilómetros, apanho o metro, o autocarro, faço o que for preciso, dou um salto a Lisboa só para não ir à dependência bancária aqui na periferia suburbana.

Maluquice? Leite condensado a mais que afectou ou meus neurónios açucarados?

Nada disso. O que verdadeiramente me assola e afugenta é o facto de os funcionários da dita tratarem-nos com a mesma reverência com que se trata um grande caloteiro. Pior, um assassino. Um degolador violento à solta, atrás de mulheres e criancinhas. Olham para a minha conta “Conta universitária? Sim, pois, andas a estudar para catedrática, não?”, fazem trejeitos com a cara e, de repente, parece que somos teletransportados para o mundo das repartições das finanças, o pior pesadelo do atendimento ao público. Todavia, os seus amigos são recebidos com honras de chefe de estado.

Data: Príncípios de Setembro de 2006
Hora: Por volta das 10h30
Local: A dita dependência

A pessoa que estava à minha frente já havia sido atendida mas o funcionário “ignorava” a minha presença. Cinco minutos depois. – Próximo!

- Bom dia, venho fazer um depósito. - Lanço em tom cortante, antecipando já o habitual discorrer verberado de comentários insolentes e má educação.

A criatura aceita o cheque, observa o valor, esbugalha os olhos e, inesperadamente irrompe num tom de simpatia nunca antes visto.

- Sim senhora, que bom, deve estar toda feliz, agora já pode ir de férias! – Espanto! Será nova tática?
- Já fui de férias. – Ergo a cabeça. “Ai, agora queres ser meu amigo?”
- Sim, mas agora pode tirar umas férias de sonho! Não é todos os dias que se recebe uma quantia destas! – O indivíduo babava com o entusiasmo e graxa desavergonhada. – Ou então tirar mais umas semanas de férias, fazer uma grande viagem!
- Acha? As minhas férias foram excelentes. Mas... é capaz de ter razão. Sim, vendo bem, é quase um salário mensal – Ripostei com indiferença. Era mentira. Descarada! Dias antes, dera pulos de alegria ao receber tal correspondência. Mas não ia deixar aquele vil bancário levar a dele adiante. Ai não ia, não!

Desejei bom dia, guardei o talão de depósito e dirigi-me à porta. Como uma senhora.