terça-feira, julho 31, 2007

What you see is what you get

Sou profundamente adepta deste lugar comum, fazendo dele uma máxima.

Não quer isto dizer que me apresente exclusivamente lavada a água e sabão azul e branco, cabelo lambidinho ou fera indomável e de saca de batatas vestida, com estampados vistos no verão de 65, nos toldos da praia de Quarteira.

Significa apenas que desgosto de artifícios enganadores, verdadeiras ilusões de óptica, que transformam a máxima no antagonismo “what you see is not what you get”.

Todas as mulheres já se debateram na compra de um push up ultra-almofadado. Muitas não vivem sem ele. Eu, por outro lado, torço veementemente o nariz àquelas almofadas fofas e aconchegantes, de espuma ou silicone, com ar de que nos protegem de todas as formas rijas e contudentes do mundo.

No outro dia, após duas horas de argumentação na WS, uma amiga lá me convenceu a adquirir uma dessas maravilhas. “É perfeito!!! Usas este Sábado no Tamariz!”, disse a enganadora.

Bem dito, bem feito.

Sábado, Tamariz a abarrotar.

Alexandra chega, voluptuosa. Os olhares viram-se, encantados. Apaixonados, gulosos, hipnotizados. Faltas de ar no lado esquerdo e rubores exacerbados no lado direito. O DJ dedica várias músicas à Pamela portuguesa. Jovem moreno e elegante troca de olhares com Alexandra. Alexandra troca olhares com jovem moreno e elegante.

Tamariz ao rubro.

Domingo, tarde no areal da praia do Guincho.

Alegre e contente, aos pulinhos fugindo das ondas. Alexandra caminha, entre gargalhadas. Elegante, morena, menos peituda. MUITO menos peituda.

Até que dá de caras com o jovem moreno da noite anterior. Que sorri ao encontrar o sorriso dela. Percorre a silhueta feminina com os olhos. Para no decote. Esbugalha os olhos. Esfrega os olhos e olha novamente. Fixamente. Fita furioso a Alexandra. Vira as costas e afasta-se, cabisbaixo, a chorar baixinho.

“Nunca mais foi o mesmo.”, diz quem o conhece. Introverteu-se, sai apenas para comprar leite e Chocapic e refugia-se em casa com o Dr. Phill. Passou a dormir agarrado a um urso de peluche, faz chichi na cama quando sonha comigo e, quando vê uma mulher, grita desalmadamente.

Que dizer, perguntam vocês?

Suspiros de alívio, minha cara blogolândia! Graças a Deus que por cá não existem aqueles processos de indemnização bilionários que se praticam nos EUA...

quarta-feira, julho 25, 2007

Gritos do Ipiranga

Há tempos, avisei que tinha vontade de dar toques agridoces ao Leite Condensado, por isso não se espantem.

Diferenças

Como é que explico a alguém a diferença entre ficar aborrecida e desiludida?

Que, quando aborrecida, ainda tenho vontade de espernear, barafustar, conversa-se e pronto, muda-se a página, novas linhas brancas à espera do trilho de uma caneta?

Que, pelo contrário, uma desilusão arranca-me as forças e a vontade de a ver, de dizer seja o que for?

Que, no fundo, uma decepção transforma essa pessoa numa névoa, presença que, de repente, deixa de fazer sentido na minha vida? Não há lugar a raiva. Apenas tristeza. É o prelúdio de, ou mesmo até, uma despedida definitiva, um adeus sem saudade.

Ambiguidades

Será assim tão difícil compreender que uma pessoa séria também pode brincar? E que uma pessoa que brinca, por natureza, não deixa de ser séria?

Que uma pessoa que brinca não deixa de colocar o trabalho e as responsabilidades acima da brincadeira? Que sabe conciliar os aspectos lúdicos com os mais importantes?

Caraças, pá!

Eu posso brincar, escrever posts e enviar emails com patetices e baboseiras mas a minha profissão e responsabilidades estão acima disso! Todos os aspectos são religiosamente observados com primor e cuidado, nunca de ânimo leve. Nem tudo consegue estar sob o nosso controlo e, por vezes, os aspectos externos prevalecem mas fico fula e derreada quando isso acontece.

Porque é que será que são os mais próximos quem menos compreende isto? Será que vou ter de começar a dar xutos a amigos?

Em conclusão de todos estes gritos, será que tenho que fazer um post para que tudo isto seja assimilado?

Remédio santo: Cantar em plenos pulmões no carro "My dream is to fly over the rainbow so high". Passa-vos num instante!

terça-feira, julho 24, 2007

Alexandra, a emergente socialite*

O Leite Condensado anda na mira das editoras.

Ontem fui contactada por uma célebre e antiga revista do coração. Daquelas pequeninas, que cabem na mala, com histórias cor-de-rosa e consultório sentimental.

Desfez-se em elogios ao blogue. “Excelente, inovador, divertido...” Eu radiante. “Upa, Upa! É desta que me convidam para escrever e eu largo aquele cliente chato e bafiento, com a mania das tropelias à justiça! Olá, nova carreira promissora, adeus ó melga balofa!”

Imediatamente, imaginei-me a ser convidada para escrever uma coluna açucarada. Da coluna açucarada a um best seller é um passito, já estava comovida e lavada em lágrimas de agradecimento, ao receber o Nobel da literatura. “Obrigada aos fãs que me adoram e a todos os que apoiaram as minhas loucuras e doces devaneios. Quero agradecer também ao Reggae, à Nestlé...”

Nada disso. Murro no estômago. O que eles queriam mesmo era saber da historieta do Paulo Pires. A “história surreal”.

Desiludida, lá tentei explicar os laivos glicémicos. “Não, não é um furo jornalistico!! Ok, ele bem olhou (e se olhou), mas eu não quero aparecer na revista xxxxx!!!”

Glup! É então que me apercebo do verdadeiro desastre. Aparecer na revista xxxxx.

Desta vez, imagino os tablóides, os paparazzi a cercarem-me a casa e a invadir as salas de julgamento em que intervenho. Os clientes a desaparecer, juntamente com o ar sério da profissional advogada, apagado pelas manchetes. O telefone ensurdecedor, os autógrafos solicitados, entrevistas na Tertúlia Cor-de-rosa, com o Cláudio Ramos. Chuvas de convites para sair e para namorar, chamada telefónica dos antípodas, o Heath Ledger quer me conhecer! Desta feita, o actor Paulo Pires e a mulher à perna, furiosos com o caso mediático.

Agora, digam-me como.

Como é que eu vou explicar a esta gente toda que a cena surreal que descrevi no post anterior passou-se sim com o Paulo Pires, mas com o Paulo Pires, empresário da construção civil, e sua mulher loira e siliconada balconista da loja de lingerie do Colombo?

Próximo post: Como eu fui completamente undercover comprar a revista xxxxx, para me certificar que não sai referência nenhuma ao dito incidente. Artes e ofícios do disfarce e da fuga para a dona Adelaide não me reconhecer e espalhar pela cidade inteira que adquiri a dita.

*
Este post é dedicado à Catarina, à Sónia e a todos os que acreditam piamente em mim e,

Em especial, à pessoa da revista que me contactou, pelas simpáticas palavras. Obrigada. Espero que continue a acompanhar o Leite Condensado às Colheradas!

quinta-feira, julho 19, 2007

As alegrias do exercício físico

O “meu” ginásio é “supê”. Bem frequentado. Não tanto às horas de ponta mas a horas mais calmas, desfilam ao pontapé actores, modelos e socialites que vemos estampados nas revistas cor-de-rosa.

Quinta-feira passada, chego mais cedo, às cinco horas da tarde (sim, roam-se), e preparo-me para uma sessão intensiva de abdominais. Opto antes pelos alongamentos para preparar os músculos para as aulas.

A alongar os posteriores da coxa, quando reparo no Paulo Pires* a mirar descaradamente o meu rabo.

Admira o rabo, a flexibilidade, o ar exótico, o sorriso desconcertante. Completamente hipnotizado, escorre-lhe um fio de baba transparente pelo queixo.

Até que é violentamente acordado com uma vergastada da mulher, alta, magricela e loiríssima, que o sova sem piedade.

Arrasta-o pelas orelhas e insulta-o para surdo ouvir, à frente de todo o ginásio. Que se contorce de dor só de presenciar caricata cena (Entretanto já toda a gente largara as máquinas de insuflar bíceps ou encolher barrigas.). Todos com o estarrecer visível nos rostos pelo pobre cachorrinho pública e brutalmente espancado. Apupam. “Buuu-huuu’s” de descontentamento.

Afinal de contas, não merecia. É perfeitamente normal ficar deslumbrado com esta beleza.

Após este episódio, do qual sublinho NÃO TENHO CULPA NENHUMA, uma vez que me limitei a seguir o plano de alongamentos prescrito, peço encaradecidamente,

Senhores Directores do Wellness, por favor entreguem-me uma cópia das filmagens de segurança, referentes à tarde de quinta-feira passada, dia 12 de Julho.

Desde já, asseguro-vos que as mesmas serão unicamente utilizadas para fins privados e pessoais.

Isto é, serão exaustivamente visionadas por mim, na companhia de uma lata de leite condensado, nos dias mais “depré”, e enviadas como presente a todos os que resolvem massacrar-me ou que não me dêem o devido valor. Pensando melhor, enviarei também algumas cópias às televisões nacionais. Apenas por precaução.

Cumprimentos,

A tesuda.

* Mais uma vez, revelo a identidade pois vocês conhecem lá o Paulo Pires... errrrr... DOPE!

terça-feira, julho 17, 2007

Ka - Ma - Te - Ka - Ma - Te - Ka Ora

Sabendo que sou desportista e que adoro um bom desafio, uns amigos convidaram-me para jogar râguebi.

Estávamos todos na praia e os rapazes foram desafiados por um grupo para jogar. Assentiram, entusiasmados. No entanto, tinham falta de um jogador. Olharam para a grupeta e, entre o Chico Óculinhos, a mulherada entretida com as revistas côr-de-rosa e eu, escolheram a Alexandra, a desportista.

Orgulhosa, caminhei para eles, de cabeça erguida, peito para fora e passo vincado, qual pavoa exibicionista, despertando a inveja geral. Pelo caminho, atiro a língua para fora e faço manguitos ao Chico Óculinhos, que esbugalhava os olhos já salientes e espumava de raiva.

Jogo emocionante, com várias quedas, placagens e muita areia engolida. Empate.

Um tipo da outra equipa faz uma gravata ao Migas. Abre-se a discussão e a bola perdida.

Não faço mais nada. Perante os varões distraídos, agarro a bola e desato a correr. Os tipos reparam e seguem no meu encalce. Vejo marmanjos atrás de mim. Vejo a minha equipa atrás de mim (???!). Com ar de quem busca por sangue. Ameaçadores. Imagino-me feita em bolonhesa. Bato os calcanhares e desato a correr aos gritos, qual Macaulay Culkin ao experimentar after shave. Corro desalmadamente, entre rectas e voltas serpenteadas, fitando todos os jogadores que me aparecem à frente. Chego ao outro lado do campo, aliviada.

Infelizmente, ao lado errado, levando a equipa à derrota.

Comemoro com danças e hurros de vitória. Os All Blacks nunca viram tal Haka.

Os meus colegas choram, desgostosos, lamentando-se por não terem escolhido o Chico Óculinhos.

“Que giro! Ficaram emocionados com o meu desempenho!”, adivinho.

Erradamente. Foi então que me apercebi do meu real feito.

A minha equipa furiosa. Voltaram-me as costas, vociferaram insultos e por pouco não me cuspiram em cima. A mulherada derreada por ter de aturar o mau humor dos moços. O Chico Óculinhos rejubilante. Digamos que o dia de praia ficou por ali.

Convidem-me para a próxima, convidem... Jogo de brutos jogado por cavalheiros, MY ASS!!!

segunda-feira, julho 16, 2007

Girls' Talk (As minhas amigas que me desculpem e não me arreem!)

....

P: A sofrer não, mas às vezes chateia...
Eu: Pois chateia! O pessoal ali à fresca e nós entishertadas! E a suar... looool Descabeladas!
P: Andam ali elas todas frescas. Mas assim também transpiramos mais, o que quer que isso queira dizer.
Eu: Quer dizer... blerghhhh! Ehehehe... Olha, eu não me importava de ter uns lábios como os teus. Passava o tempo a fazer beicinho.
P: Era isso que eu queria dizer, não sabia era escrever. Desculpa!!!!????
Eu: Estavas a queixar-te da barriga e eu estou a dizer que tens uns lábios muito giros para fazer essas caretas.
P: Já me disseram que são jeitosos, sim. Mas passar a vida a fazer beicinho...
Eu: Calma, não me estou a atirar a ti!!!!!
P: Se calhar às vezes até funcionava...
Eu: Ahhh, pois. Se fosse comigo....
P: Ó pá, eu sei que tu gostas é de gajos.
Eu: Tipo... Quero as calças giras da Gateira... Beicinho.
P: É pá isso é que era!
Eu: Quero ir ao algarve... Beicinho. Faz-me o almoço.... Beicinho. Um mundo de oportunidades aos teus pés!
P: E olhinhos de cachorrinho? Já não consigo, né?
Eu: Também não queres ter tudo, sua lambona!
P: Mas beicinho se calhar era o suficiente. Bem me parecia...
Eu: O beicinho é a principal arma das parisienses, ja dizia o outro do filme. Mas, se só funcionar em França, não quero.
P: Então está bem.
Eu: Eles não tomam banho e andam com o pão debaixo dos braços (uiiii... se eu pusesse esta conversa no blogue...).
P: Chiça... Ca nojo! No blogue? Nem penses!!!!
Eu: lol
...

S: Andas sempre trocada, moça! Devias distrair-te.
Eu: Tenho experimentado algumas receitas daquele livro de cozinha.
S: Quais receitas??! Gajos!! Fácil. Há uma regra de ouro nas amizades coloridas. Uma queca tem que equivaler a uma semana de silêncio. Isso evita paixões.
Eu: Mas eu não quero evitar paixões. Isso tem lá piada... Paixão não significa casamento e vida a dois, nem sequer monogamia. Se bem que as minhas paixões são sempre monogâmicas... Dope!!!!
S: Tu gostas é das montanhas russas!
Eu: Olha, faz-me mas é uma tosta de queijo com tomate e orégãos.
S: Não temos.
Eu: Hã??? A tua mensagem diz "fazemos tostas mistas".
S: Sim, tostas mistas fazemos.
Eu: Então... Se fazes tostas mistas não és capaz de fazer uma só com queijo??
S: Ah! Queres uma tosta mista sem fiambre. É isso??? E qual é a graça?????
...

quinta-feira, julho 12, 2007

Justiça divina

E o que é que aconteceu depois de o meu irmão interromper-me trinta mil vezes, durante um almoço de família?

O que é que aconteceu depois do desaforado atrevido contradizer-me, inclusivamente em assuntos dos quais ele não percebe um boi (nomeadamente, direitos reais) e vomitar as mais irreais barbaridades? Barbaridades, essas, que não só foram avidamente engolidas por todos como também insitaram a que olhassem para mim como quem olha para uma jumenta manca, zarolha e careca a fazer o pino.

O que é que aconteceu depois de o meu QUERIDO irmãozinho martirizar-me durante todo o almoço de família, como já vem a ser hábito, desde que aprendeu a falar?

Sabem o que aconteceu? Sabem? Sabem?

Eu conto-vos.

Quando fomos todos à cozinha, o Reggae esvoaçou à volta do reles adulador, pousou-lhe na cabeça e largou uma caganita de kilo e meio, envolvida num aroma fedorento, que se sentia a cem quilómetros de distância.

Depois não digam que não existe justiça divina.

quarta-feira, julho 11, 2007

Mulher, esse grande animal da condução

No outro dia, a Sofia* foi uma querida e ofereceu-me boleia para casa.

Lá saímos do Wellness, todas alegres na galhofeta. Na garagem, ainda admirámos as projecções para “As 7 Maravilhas do Mundo” e o real rabiosque de um dos organizadores, que por lá se passeava. Ok, pouco reparámos nas projecções mas ficava bem dizer isso. Passou uma das habituais bombas (Carro, claro!) por nós, e ainda lançámos beijos ao ar para o condutor desconhecido e invisível. Provavelmente, um gordo cinquentão caquético e desdentado, mas preferimos antes acreditar no Pai Natal e no Coelhinho da Páscoa.

Chegámos então a Fornos de Algodres (Pois, está claro!) e ficámos estacionadas na berma, sobre a passadeira de peões (Desbocada inteligente, já me imagino nas masmorras da PSP de Alcoentre, a ser sovada por um mancebo de mãos sapudas...).

Conversa, música e luzes ligadas. Muita conversa. Resultado: "adeus, aufwiedersen, goodbye" bateria. Note-se que o carro estava estacionado numa subida íngreme, tendo pela frente uma placa triangular no eixo da via.

Contra os meus sábios conselhos, Sofia tenta fazer inversão de marcha, sem o carro pegar. Carro fica imobilizado e atravessado na estrada (DOPE!), à noite, num sítio com pouca visibilidade (DUPLO DOPE!) e onde passam automóveis a abrir (Vou já ali a Foz Côa bater com a cabeça nas gravuras rupestres e já volto!). Trânsito congestionado de todos os sentidos e bocas, muitas bocas, à destreza feminina.

Com a ajuda da minha poderosa força, errr... da ponta dos meus dedos para não estragar as unhas e com empurrão valente da Sofia, que suava em bica (e barafustava ainda mais), lá colocámos o carro do outro lado da rua. No entanto, sem conseguir realizar a inversão de marcha, logo, a subir.

Aparece o meu vizinho com o seu caniche amaricado. Faz um sorriso jocoso e pergunta se queremos ajuda. Ligo ao meu pai. Vizinho corre a casa para guardar a ratazana felpuda. Pai aparece de jipe tractor com o decrépito do vizinho sentado ao lado.

Advirto a Sofia para colocar o triângulo. “Achas, Alexandra??” “E o colete?”, indago. Pai adverte a Sofia para colocar o triângulo, desta feita, num àpice, retirado e postado a dez metros, pela maçarica (Eu sei, eu sei!). Pai saca da lanterna, dos cabos (O meu pai é o Macgyver, já deviam ter percebido isso.) e pede o manual do carro. Sofia de sorriso amarelo a alvitrar que não será necessário. Pai insiste. Sofia abre o carro à picareta, espalha os CD’s, as revistas, a maquilhagem e os cartões visa e lá desenterra o dito. Pai lê o manual com toda a calma do mundo. Salva a situação e lá mandamos a Sofia embora e sã e salva, de orgulho muito, mas muito ferido.

Posto tudo isto, de caminho para casa, ainda recordei o meu pai de que se esquecera do colete vulgo, mega graxa “Vê lá como eu sei tão bem o código!”, “A Sofia é uma despassarada... E eu bem a avisei!!”.

Valeu-me de nada. No dia em que me passarem definitivamente o adorado e desejado tractor para as mãos, não terei dentes e usarei Tena Lady.

Obrigada, Sofia!

* Nome fictício para proteger a verdadeira identidade da condutora... NOT! Deixa lá, Sofias existem muitas e são apenas uns mesitos de vergonha pela frente.

terça-feira, julho 10, 2007

I believe I can fly

Hummm...

Um pequeno balanço, uma braçada de bruços e estou no ar. Pairo. Deslizo, a dois metros do chão. Vou à conversa. Com um toque de ombro desvio-me do candeeiro de rua.

Despeço-me do Hugo. Ganho velocidade. Pouca. Das ruas que se encaminham para a escola primária às ruas de Lisboa é um pulinho. Um balanço. Três ou quatro braçadas de bruços, deslizo contente.

Mais três ou quatro e estou a chegar à praia da minha adolescência. Pairo. Tão bem que sabe, sob a brisa quente perfumada pelas figueiras. O cheiro doce da terra mourisca encaminha-me, suavemente, a dois metros do chão. Pisco o olho às gaivotas, por entre acrobacias. Desejo o veleiro amarelo da ponta, paro nos gelados da Veneza, saboreados no alcatrão preto da marina. Risadas e despedidas breves aos do costume.

Balanço e estou novamente no ar. Sim, voo. Nado graciosamente no ar. De energias recuperadas pelo lanche guloso, três ou quatro braçadas, despeço-me do cenário. As ribanceiras verdes a perder de vista do liceu cumprimentam-me. "Sua desaparecida!" Agora sim, velocidade, razia, quase raspando a relva. acompanho o acentuado declive da escola edificada na colina. Enérgica, precisa. Ora ganho altitude, cocejando as nuvens, ora pico o voo, desafiando a ameaçadora superfície.

Ganho balanço, uma braçada enérgica e preparo-me para... "Trriiiiiiiimm!!!"

- Hã? - Esfrego os olhos colados pelas ramelas. - Que raiva! Estava a dormir mesmo bem!

Sem delongas, afasto os lençóis, coloco-me de pé na cama, aos tropeções, e mergulho, decidida, da rampa de voo improvisada.

Já no ar, dou por mim a ter um momento "desenho animado", um nano-segundo de congelamento introspectivo, parada no meio da atmosfera. "Consigo ou não consigo? Mas consigo ou não??? Pânico!!!!"

A resposta, clara blogosfera, não se fez esperar. Nano-segundo terminado, mergulho certeiro de queda livre sem paraquedas, encontro imediato, de todos os graus e mais alguns, com a superfície da pedra fria do chão.

Rosto esborrachado, um grande "splat" de mosquito afito ao inevitável encontro com o vidro de um Audi R8, numa 24 Horas de Le Mans. Um beijo, um abraço abrupto e indesejado num cacto Saguaro. Um grande "autch" pela manhã.

Putice dos azares: Fortalezas de almofadas jogadas ao acaso pelo chão e nem uma no "X" spot para me amparar o desaire.

Nota mental 1: Antes de me deitar, verificar sempre se as janelas estão convenientemente fechadas.

Nota mental 2: Sem levantar suspeitas, averiguar se fazem quartos almofadados, fora dos manicómios, e garantir aos amigos que se trata de uma nova moda parisiense, "supê fashion"!

Nota Mental 3: Bébé, volta. Estás perdoado!

quinta-feira, julho 05, 2007

Tetris Humano

Estás farto da tua relação? Tens dúvidas se o teu parceiro é quem melhor se adequa a ti? Queres encontrar alguém que realmente se encaixe?

Larga já essas empresas de encontros fajutas e não caias nos sofismas dos classificados obscuros do jornal! Esquece as bonecas insufláveis, deixa de imaginar que o teu bombom com arroz tufado é o Wentworth Miller ou a Scarlett Johansson e dá um valente xuto no rabo do hipnotizador, que transformou o teu mais que tudo numa galinha, em vez de num rapazote decente.

Temos a solução ideal para ti! Encontramos a pessoa feita à tua medida! Fazemos um rigoroso processo de selecção e talhamos o “the one” para se encaixar à tua personalidade, vida e estilo.

Não sofras mais com essa busca. Contacta já os STHULCAC (Serviços de Tetris Humano do Leite Condensado às Colheradas) e habilita-te ainda ao sorteio de uma lata de leite condensado, reserva de 12 anos.

Clicar na imagem para obter contactos.

terça-feira, julho 03, 2007

Dieta - Dia 1, 1ª meia hora

Afixo o plano no frigorífico.

De acordo com o mesmo, três semanas uma Gisele Bündchen, quatro a conquista do mundo.

Releio a preceito os alimentos autorizados.

Ergo a cabeça e mentalizo-me. Mulher decidida será bem sucedida. Sorrio, confiante.

Abro o frigorífico, mordisco uma cenoura.

Alarvemente a mastigar o betacaroteno e já imagino a barriga seca, cobiçada pelos banhistas. Corro pela praia, esbelta, magra, radiante. O sol quente na minha pele doirada. Sou um anúncio da Nívea.

Abro novamente o frigorífico, desta feita, fito a alface.

Observo as folhas verdes, tenras, as nervuras estaladiças e sumarentas. Corro na praia, a barriga seca... GLUP! Não! A barriga reclama!

Como se fugisse de um ataque nuclear... Melhor, como se fugisse de um ataque biológico (não venham com histórias, eu bem vi o ar ameaçador e perigoso daquelas nervuras das folhas de alface... verdes!), fecho a porta com força, corro para a despensa e abraço saudosamente as latas de leite condensado, oportunamente escondidas no canto mais bafiento, por trás da intocável (blergh) saca de cebolas.

- Não! Não! Eu nunca vos vou abandonar! – deitada no chão, em posição fetal, com as latas envolvidas nos braços, tremendo e repetindo – Desculpem! Desculpem...

Nota mental: Qual é o mal do anúncio da Dove, hein????? Aiiiiii, a esquisitinha!