quinta-feira, março 24, 2011

Crise - A solução primordial para resolvê-la; Tudo o que estão à espera de ouvir


Há sensivelmente ano e meio, sexta-feira de manhã, com o calor ainda a marcar pontos em Lisboa, lembrei-me de ir jogar no Euromilhões.

Estive no vai não vai, não por ser idiotice mas, principalmente, por ter quatro euros e pouco mais na carteira, não mais do que isso na conta, o mês a findar, muitas insónias e as contas para pagar.

Sim, naquela altura já sabia muito bem o que era a crise. Não venham cá com tretas, sabia melhor do que grande parte de vós. Crise não é ir para a manifestação da geração à rasca e a seguir para a Moda Lisboa.

Adiante. Tinha um negócio recente, projecto da minha autoria, investimento também apenas meu, que é como quem diz que, naturalmente, tenho a vida "penhorada" no banco. Ou seja, mal ou bem, já não faço parte dessa imensa categoria de portugueses muito acomodados sob o sustento de outrem, ultimamente tão criticada lá fora. (O orgulho - Woooooooo! -Mas falhei, logo tenho muito mais direito aos dias "só me apetece atirar da janela", ok?)

Fiz tudo isso. Estudei o projecto durante um ano e tal, viajei, investiguei, fiz contactos, calculei o risco, dirigi-me ao banco e pedi um empréstimo e, por último, demiti-me do cargo "confortável" de coordenadora do departamento jurídico de um grupo de empresas. ( O nome era pomposo, a responsabilidade muito mais, as regalias nem por isso. Para todos os efeitos, era um trabalho, com contrato, não era mal pago - bem também não - e os sacanas que me davam cabo da cabeça gostavam de mim.). Atirei-me de cabeça, com o risco de ganhar algum ou perder tudo. Sem redes de segurança, sem subsídios, sem grande apoio da família (Estavam contrariados com a opção de largar o emprego "seguro".) Apenas mantive-me na casa dos pais, a fim de minimizar as despesas (O que já foi um suporte considerável, apesar das bocas e pressões constantes para desistir.).

Ora, onde ia? O Euromilhões.

Pois é, o Euromilhões.

Nunca fui muito destas jogatanas - odeio expectativas defraudadas, sobretudo porque sei exactamente o que faria ao dinheiro, ao contrário de muito boa gente. Quando aposto penso sempre no máximo, se é para pedir que saiba pedir, mas houve ali um momento especial.

Um momento especial em que só pensei que os meus quatro euros na carteira não chegariam para pagar a mísera conta da água. Que ganhar essa quantia já me faria tão feliz. Uns singelos vinte euros.

Ali fiquei a matutar, gulosa com a perspectiva, se valeria a pena sacrificar dois euros, isto é, um lanche, um bolo e um chá, por uns almejáveis vinte euros que me pagassem a conta da água. Caramba, se ganhasse a sério, esqueceria a ganância e doaria uma boa parte. Pensei nisto durante todo o dia.

E assim foi, apostei. Dois euros ali na papelaria junto às Amoreiras. Dois euros remanescentes na carteira para fazer durar sabe-se lá até quando.

Dois euros apostados que me renderam os tais vinte euros, sem tirar nem pôr, suficientes para pagar a parca conta da água da loja.

Não esqueço a felicidade, deveras comemorada, imediatamente levantada e entregue à EPAL.

Nas duas semanas seguintes, tentei repetir a proeza. Agora a conta da luz, agora o fornecedor. Em vão.

Até que já não se justificou abdicar do bolo. Abébias não aparecem todos os dias, meus caros.

Ou seja, portugueses do meu coração, esta mensagem é para vós.

Se esperam pelo D. Sebastião, se esqueceram que afinal os juros vão mesmo aumentar, o IVA vai mesmo aumentar, as dores mais ainda e não fazem a mínima como criar riqueza, até porque isso implica um esforço maior, maior do que esperar que a solução caia do céu sem sacrifício, antes joguem no Euromilhões.

Agora, sairá também às terças e com uma estrela a mais.

Eu, bem, eu, ficam já a saber.

Serei a primeira da fila, amanhã. Pode ser que não saiam vinte euros mas o suficiente para iniciar um novo projecto de vida, num país distante. Que me obrigue novamente a arregaçar as mangas à séria.

Se não sair, tenho bom remédio. Arregaço as mangas na mesma e faço-vos um manguito. Nada que já não tenha feito antes.

Beijinho fofinho

Com carinho

Alexandra

P.S. - Dêem os meus cumprimentos ao FMI e invistam em lenços. Vão precisar.

Hic


Eu bem quer(hic)ia posta(hic)r alguma (hic) cois(hic) coisa de jeito

Mas tenho a net (hi) aos soluços.

quarta-feira, março 23, 2011

sexta-feira, março 18, 2011

Festividades


Mesmo só morando nesta casa nos minutos em que deixa a roupa suja e nos minutos em que recolhe a roupa lavada e passada, o lombo assado no forno, a fruta comprada no fim-de-semana (deixa a tocada, vá lá), os chocolates, sobremesas e bolachas que comprei (são meus e estavam escondidos), consegue dar cabo dos meus nervos com duas palavras e uma só destas singelas acções. Vocês já conhecem a peça. Amor foi coisa que nunca faltou. Até o finado Reggae dedicou-lhe momentos especiais.

Querido papá,

Já deverias ter colocado alguma ordem nesta casa da pradaria.

Ensinado ao meu irmão que isto não é um hotel e a mãe não é criada.

Ter-me posto a andar de uma vez por todas, que se lixe a crise e a repercussão nos prestadores de serviços e, afinal de contas, morar debaixo do viaduto é fofinho. Aliás, teria sido mais um fundamento para ter-me casado com o moço do Porche.

Vendo bem as coisas, deverias ter-me obrigado, papá.

Beijinho e tenta não chorar muito

terça-feira, março 15, 2011

Fazendo a vontade aos pequenos

Novo header?
Desenhado no banco da paragem de autocarro por este Senhor.

*Naturalmente, farei as necessárias adaptações. As colheres de hoje não são os lasers de amanhã.

segunda-feira, março 14, 2011

sexta-feira, março 11, 2011

Se pudesse



(e se fosse possível), faria uma operação para aumentar o tendão de Aquiles e ficaria com um flex de tal forma invejável que executaria grand pliés, quase sem retirar os calcanhares do chão.

Faria ainda outra às junções das pernas, às dobradiças, para que os splits saíssem sem a necessidade do vodka (e posteriormente do Voltaren Rapid) e a perna batesse ao lado da cabeça, com a naturalidade de quem corta uma fatia de pão, com manteiga por favor.

Depois, aproveitava e operava o coração, a cabeça, o pâncreas ou o maldito órgão no qual assentaste sem esperar permissão, para te tirar do peito, do pensamento, expurgar-te, mas parece-me que te encontro em muitos sítios, infiltraste-te, estendeste-te ao corpo todo, infectaste cada pedaço de carne e de osso. Clonar-me-ia antes e pediria expressamente para que o fizessem sem ti presente em mim.

Como não posso fazer nada, nada disto, continuarei a fazer pliés a custo dos músculos, ainda que saiam longe de perfeitos. Continuarei a forçar a flexibilidade perra a gotas e lágrimas de suor e dor, ainda que tal esforço não se note e fique sempre aquém do desejado.

Continuarei a ceder e a resistir, ao sabor do que os sentidos me sussurram, sabendo que poderei vir a arrepender-me por qualquer uma das opções. Mais cedendo, não é a carne que é fraca é o maldito órgão, bebendo cada momento bom. Sem perceber se vai dar certo ou asneira da grossa, como já deu (Daí pode vir tanto, bem sei.) mas sabendo de antemão que, por muito que me esforce para conhecer, sair, jantar com outros homens, por mais educados, com carisma e interessantes que sejam, só tu fazes-me rir desta forma e sentir à vontade para qualquer um dos meus disparates e comigo própria. Nem é bem isso. É mais.

Na verdade, não sei o que é.

quarta-feira, março 09, 2011

Cisne Negro

Não sei se já vos contei, a primeira vez que calcei umas pontas, adereçavam um corpete de plumas encarnadas e um tutu de plumas também encarnadas, cor-de-laranja e amarelas para uma actuação com a banda sonora do Masquerade Ball do Fantasma da Ópera. Ia de Pássaro de Fogo.

Dei-me tão bem com elas que o meu professor olhou para mim, principiante com um ano de ballet, e disse "Alex, vais começar a fazer pontas". Isto foi, sensivelmente, há dois anos. (Tenho a certeza que já levaram com isto uma mão cheia de vezes.)

Iada, Iada, Iada, a verdade é que alguém deveria ter avisado a Natalie de que já existem umas protecções de silicone porreirinhas para quem não tem uns pés de aço como eu. Ou que a era dos abusos do coreógrafo já se foi há muito e é impensável no meio americano. Geralmente, até pingam para outras pastagens. São sensíveis. Adiante.

Já a parte de nascerem penas. Compreendo. Compreendo muito.

Mas, a mim, são mais destas.



E do voo de asa delta, já contei? Chatos.

terça-feira, março 08, 2011

sexta-feira, março 04, 2011

Como deitar achas na fogueira, o post do Piston ou o essencial é invisível aos olhos


E vomito cada vez que vejo uma citação do Principezinho.

Leitores burros (com carinho)...

Ali, os objectivos são três:

1 - O vídeo do Petrilude - sou maió fã!

2 - A foto que é a maior espicaçadela e deveria pôr o menino a pensar.

3 - Demonstrar aos(às) leitores(as) que o bicho muito ladra, mau para aqui, insensível para ali, cocó para acolá mas é um fofo. Tal como o Jedi. Cada um, nerd e especial à sua maneira. São cordeirinhos à espera de quem dê beijinho e cuide deles para a vida.

Senhoras, esqueçam os ciúmes.

Já vos revelei o segredo.

O coração do Piston é tomado por qualquer blogger que siga Direito.

Agora ide.

Ide, com estas informações preciosas, tirar o curso, que já só são três anos. (Dizem eles.)

E o meu, bem, o meu coraçanito toda a gente sabe.

Pertence aos


aos


e ao

quarta-feira, março 02, 2011

É verdade!


Ontem, o Rio de Janeiro fez 446 anos e, para comemorar, a blogosfera decidiu presentear-me com uma viagem à Cidade Maravilhosa.

Obrigada, meus queridos!

Estou profundamente sensibilizada!

Beijos enormes!*

*Depois regressarei com presentes para todos. Pulseiras do Senhor do Bonfim, garotas de Ipanema, vernizes da Risqué, bandidos da favela, bolo brigadeiro e outros souverirs tradicionais para adoçar esses sorrisos.

terça-feira, março 01, 2011

O blogue do lado em ponto rebuçado II

O Piston em poucas palavras:

Haverá muito a dizer deste jovem que de toiro com ceroulas passou a porco de rolha.

Stalker
Stalker
Stalker

O que é certo é que, após todos estes anos de várias peripécias, continuo na dúvida se o que quer é ver-me degolada e estendida num beco escuro ou no altar. Provavelmente, a combinação de ambas.

O que daria em algo como isto:


De qualquer forma, o moço esmera-se.

Primeiro, foi a ronda do motard, à noite. Pensei em assalto pelas tríades japonesas. (Vi num filme.)

No dia seguinte, encontro um bilhete sinistro, com o Ronald Mcdonald impresso, na janela do sítio onde trabalhava. Pensei em bruxaria. (Nunca acendi tanta vela na minha vida, como naquela semana. Os clientes acharam romântico.)

Depois, no mesmo local, um pacote de gomas em forma de tubarões (Os advogados, pois.). Pensei em envenenamento. (Não obstante, antes de verificar a sua origem e se a embalagem fora violada, arrisquei. Cá estou. O açúcar sempre foi meu amigo. Ignorem o rabo.)

Certo dia de Inverno, bateram à porta aos murros. Com força e ares de quem não espera não ser atendido. Pensei em bandidagem. Vagabundos. Ladrões. O Cobrador do Fraque ou o técnico para cortar a electricidade. Depois, vi que era ele, de calças molhadas até aos joelhos e ar desvairado. (Temam aqueles olhos quando esbugalhados.) Pensei em esfaqueamento. (Entregou-me uma garrafa cheia de água do mar e alguma areia, para matar saudades do cheiro do mar. Era de Carcavelos, não provei. Mas o aroma a algas deu à minha pele um aspecto viçoso.)

Os sustos foram sucessivos. Pensei em defesa e medidas extremas. (Amiguei-me dos drogados lá da zona, para o desencorajar. Perdi toda a clientela e fechei.)

Ainda assim, não encarem os factos de ânimo leve. "Ai que fofo que é, levou-te açúcar, ignora lá a catana que tem sob o casaco." O moço é mórbido. Tem um post preparado para a eventualidade da sua morte, isto é, agendado para ser publicado caso na data não altere o agendamento.

O que se salva... Bem...

O que se salva, Pis, é que encontrei a lápide!



Adenda: Esta história apenas existe dada à patologia do moço. Ou seja, cuidados redobráveis às advogadas. O uso de fato na sua presença é considerado perigoso.

Das tristezas da vida e a propósito dos prémios


Óscar é um nome que nunca poderei dar a um filho.