quinta-feira, abril 28, 2011

Hoje, por momentos


Pensei que este pequeno tinha ressuscitado.

Fui a correr para a cozinha com o objectivo de confirmar o pressentimento.

Afinal, não.

Sou eu que estou pior.

O meu juízo já não é o mesmo, o meu corpo perde-se no tempo.

Certamente, o delicado corpinho do penudo continua sepultado no relvado junto à berma da estrada, que vai lá para cima, e a sua alma, a sua graciosa alma, estará junto de Deus, a assobiar o Verão Azul.

Entretanto, para além de visões e outros sons que me atormentam, também já oiço campainhas.

Campainhas e mais campainhas.

Campainhas sem parar.

Campainhas.

Profiro debilmente:

- Te...Telepizza, és tu?

Moral da história:

A fome dá-me alucinações.

Mensagem no Facebook, há cerca de 10 minutos, de uma ex-colega e amiga que já não vejo há algum tempo


"Alexandra, como estás?

Já sei que casaste! Contaram-me ontem! Muitos parabéns!

Fiquei mesmo surpresa!

Ainda tens o mesmo número? Temos que combinar um café para a semana. Quero saber as novidades!

... ... ..."

De uma vez por todas, quando é que as pessoas percebem que a minha vida é fácil, fácil, limpa como o algodão e não dá para mais uma poeira fora do sítio?

O expediente é o mesmo há muitos anos. Ou trabalho (sozinha) ou estou na academia a dançar até horas bem tardias e lá, minha gente, lá, não se iludam. Aquilo não é um Fame versão Baywatch com testosterona de sobra à volta. É uma academia de dança. Logo (e estupidamente da parte masculina), homens rareiam e os que existem ou são gays, miúdos ou não são homens.

O algodão não se engana, só as previsões da cartomante.

Serei solteirona até os tendões permitirem e depois, bem,

Depois, posso sempre ter um cão.


(Agora só tenho que descobrir o(a) desmiolado(a) que lançou infame boato, que já deve correr por todos os meus amigos e colegas de profissão.

Isso e recuperar a minha honra. Casar...)

quarta-feira, abril 20, 2011

Constatações óbvias

95% da blogosfera, dos amigos e dos colegas estão de dieta.




Defensora da comida saudável, como já sabem, não quero deixar de apoiar a vossa causa, com palavras motivadoras.

terça-feira, abril 19, 2011

Crónica da morte de um nariz anunciada


Uma pessoa passa uma vida inteira a tentar aceitar o seu corpo, cada parte, as imperfeições, a aprender a gostar dele.

Passa uma vida a tentar mudar os nossos olhos e observar as imperfeições como traços singulares, com a sua beleza singular, que fazem de nós uma pessoa única.

Passa essa vida a tentar gostar, do sinal, da marca, da recta naquele espaço ali, ao invés de sonhar com uma curva e vice versa.

Passa uma vida a aprender a amar tudo o que detestávamos e, quando, finalmente, estamos em paz connosco, quando, finalmente, somos renitentes ao desejo de mudança e não alteraríamos nada em nós porque isto é o que somos e deverá ser acarinhado com orgulho e, caramba, finalmente, gostamos mesmo de nós assim, tal como estamos, não querendo sequer pensar em alterar uma vírgula, informam-nos, da noite para o dia, que teremos que alterar a nossa fisionomia.

Ontem, consulta de otorrinolaringologista.

Médica brasileira, jovem, toda despachada, recomendada para ver se resolvia finalmente o problema de dificuldade de respiração e crises de falta de ar, que me tem acompanhado sensivelmente desde Setembro.

Olha para o TAC e diz :

- Você tem hipertrofia dos cornetos e o ar mal passa, Alexandra. Vamos ter que operar.

- Operar?

- Sim mas olha, já que vai ter que alterar, aproveita e faz um nariz bem bonitinho. Você vai ter mesmo que tirar esta curvatura, cortar os cornetos, arrebitar aqui. Vai ficar lindo o seu nariz! - Entusiasmada como se eu tivesse acabado de ganhar "o" presente de Natal.

- O quê? Alterar? Mas...

- Olha, está aí o cirurgião e é o único que trata do problema e resolve a estética, aproveita já, vou mandar já você para ele e ele faz já as medições!

- Sim, mas não está a perceber...

- Vai ficar com um nariz lindo e só assim resolve o seu problema! Não tem outro jeito. E o médico nem sempre está cá, é o único que trata da questão e faz a estética, senão depois teria que esperar pela estética. O hospital é público, nem sempre podemos escolher o melhor e ele é bárbaro! Assim faz já, antes que venha o sol. Você não vai poder apanhar sol depois.

- Já? Já? Mas... Como já?

- Já. Te mando agora mesmo a seguir à consulta para fazer as medições!

Pega em mim e coloca-me de perfil, em frente ao espelho, mostrando as futuras alterações.

- Espere! Não está a perceber! Não quero alterar o meu nariz! Em tempos já desgostei dele mas agora... É o meu nariz!

Nisto, desato num pranto de tal ordem que a enfermeira entra para ver o que se passa.

- Mas, Alexandra, vai ficar lindo!

- Nãoooooooooooooooooooooooooooooo!

Silêncio absoluto nos restantes gabinetes e sala de espera atolada com centenas de pessoas. Devo ter assustado todas as crianças do Serviço de Otorrinolaringologia.

O que me valeu à grande, visto que, por essa forma, consegui atrasar a decisão para Agosto. Receitou-me uma cortisona para aplicar até lá, sendo que serei operada se as alterações não forem substanciais.

- Pronto, pronto, Alexandra. O sol também está aí, apontamos para o final do ano e você amadurece a ideia.

O que significa que ganhei coisa nenhuma. Não há abébias para ninguém. No final do Verão, perderei a personalidade do nariz.

Por muito bonito que fique e por muitas fotos de perfil que poderei tirar a partir daí, só quero o meu nariz.

O meu nariz e não o da Blake Lively ou da Angelina Jolie ou a combinação de uma Jenifer Aniston-Halle Berry.

Assim sendo, meus caros, em termos de traumas, foi proveitoso o dia de ontem.

Deixei uma brasileira triste e decepcionada, que não compreendeu a minha falta de entusiasmo pela maravilha de poder vir a ser dona de um nariz novo, pequenino e perfeito criado num bloco operatório, a custo irrelevante.

Chorei baba e ranho o resto do dia. Hoje, continuo. Ninguém consegue consolar-me.

Nem com chocolates lá vou. (Mesmo assim, podem tentar. Já publico o endereço.)

Tenho até ao final do Verão para despedir-me do nariz.

Juntos, iremos tirar muitas fotos de perfil, fazer caretas, cheirar flores, bolos, maresia, garotos de Ipanema, figueiras e alfarrobeiras.

Terei que decidir se também retocarei todas as minhas fotos tiradas até estes trinta e dois anos mais um Verão. Gosto pouco de incongruências.

Até Agosto, assistirei a todos os programas do Dr. 90210, sem torcer o nariz. Nariz informado é nariz apurado.

Depois disso, se, na rua, repararem numa sósia da Esfinge ou do Michael Jackson, sede brandos, por favor. Lembrem-se: Apontar é feio e não metam o nariz onde não é chamado. Literalmente, foi o que ambos fizeram.

Censurar para quê?

segunda-feira, abril 18, 2011

quinta-feira, abril 14, 2011

Comemorações


Ontem, comemorou-se o dia do beijo.

Para festejar, passei o dia a dar e receber amor, em longos, curtos, prolongados, depenicados, profundos, apaixonados, carinhosos, gostosos, provocantes, marotos, suaves, frescos, quentes e intensos beijos ao meu segundo dedo do pé direito, para ver se o tipo melhora mais depressa.

É uma win-win situation, gente.

Não entra cá herpes e ganho uma flexibilidade invejável.

quarta-feira, abril 13, 2011

Shopaholic


Simpático, mesmo simpático, é ir à farmácia, o rapaz reconhecer-nos imediatamente e aparecer com duas caixas de Voltaren Rapid, sem sequer termos aberto a boca ainda para dizer bom dia.

Poderia ser, pior, bem sei.

Poderia ser conhecida como a rapariga dos testes de gravidez.

Igualmente deprimente mas aqui só se estraga uma casa.

Qual é a probabilidade


De partir o mesmo dedo do pé, duas vezes, no mesmo sítio, no espaço de seis meses?

E qual é a probabilidade de fazê-lo após abandonar a aula de contemporâneo porque o Tendão de Aquiles do pé esquerdo doía que se fartava e não nos queríamos lesionar?

Sou muito à frente, bébés. Não tentem porque igual não há.

Tendão de Aquiles do pé esquerdo a latejar como uma bicha louca e segundo dedo do pé direito transformado em berlinde.

Visualizaram?

Agora, imaginem o meu andar.

segunda-feira, abril 11, 2011

Fail II

Algo me diz que o nosso ilustre Presidente da República passou o dia de hoje a tomar chá de alfarroba.

quinta-feira, abril 07, 2011

Fail


Sabemos que acertámos em cheio quando, de manhã, após o banho, mergulhamos freneticamente em auto-bronzeador e, ao final do dia, protagonizamos o seguinte diálogo:

Amiga que chega aos balneários (AQCB): Olá... Alexandra, estás bem?

Eu: Sim... Então? Quer dizer, estou constipada mas...

AQCB: Ah, então é isso. Estás com um ar tão mortiço!

Eu: Mortiço?

AQCB: Sim... Estás muito branca!

Eu não estou obcecada com os cães

Ora bem, dia 5 de Abril, após o jantar, entregam-me um envelope.

Ponho o meu maior ar de desiludida e respondo, abanando o dito "Mas... Mas não ladra!"

Não pingou uma única gota de chuva nesse dia mas também não pingou cão.

O que só prova que os meus amigos são uns cobardes e têm mais medo dos meus pais do que de mim (erro de palmatória) e que os meus pais têm a cabeça muito dura (logo, tenho a quem sair).

Toda a gente me pergunta "Então? Houve cachorro?" Respondo AINDA não. É assim mesmo.

A obsessão é um conceito difícil. Se estiver vidrada, tanto melhor.

Agora, o mais importante é este senhor, Pedro Póvoa, que não se conformou perante a resposta do veterinário "É para abater."

Todos vocês têm Facebook, portanto, toca a consultar e divulgar a Dog Locomotion.

Não vou falar sobre a mesma, vejam por vocês.



quarta-feira, abril 06, 2011

Passados 17 anos



Hoje, descobri que o Kurt Cobain morreu no mesmo dia e mês em que comemoro o meu aniversário.

Hoje, como quem diz, provavelmente, descobri no próprio dia em que morreu mas, de alguma forma e por mistérios (aguçados) do universo, nunca retive essa informação.

Também nunca percebi a celeuma.

Aquela cena toda negro- ai, ai, ai que estou tão triste e quero morrer-viioooooola-meee-oláá, oláá, oláá, que baixariaa- depressiva era mais do que notória. O tipo choramingava sobre a guitarra.

No entanto, ninguém foi capaz de lhe estender a mão, um lenço, um vale para a clínica de desintoxicação. O que fosse.

Pronto, a Love estendia-lhe a mão mas entregava-lhe coisas más, brancas do demo, rolos do belzebu, cogumelos dos estrunfes. O resultado era desastroso. O moço choramingava ainda mais (Oiçam as músicas, as letras, está tudo lá.).

Estava à vista do porco preto barranquenho mais míope do Baixo Alentejo.

Mas não, o mundo chocado, surpreso porque o rapaz suicidou-se.

Caríssimos, os vossos actos têm consequências.

As omissões também.

Todavia, antes que comecem a atear a fogueira, devo recordar que, nessa altura, a menina aqui era uma simples jovem teenager.

Uma adolescente.

Sem borbulhas mas com pontos negros gigantes e atolados de sebo, que geravam um holofote no nariz e lhe davam verdadeiras dores de cabeça. Fora as muitas, demasiadas inseguranças.

Com as vergonhas e o fugir ao mundo tão típico da idade, porém, já com manias de super-mulher.

Ainda assim, não curtia o Kurt.

Gostava de músicas chorosas mas até aquilo era demasiado para mim.

O expoente máximo de choramingas que tive era ir patinar, vezes sem conta, para o super, percorrer as rampas, saltar e descer as escadas em grande velocidade, ao som da Damn I Wish I Was Your Lover da Sophie B. Hawkins. Depois tinha os Green Day, os Offspring, ACDC, Pearl Jam e a cena toda do Hip Hop a juntar à festa.

De qualquer forma, esqueçam essa ideia.

Encontrava-me bem longe, noutro continente, e, sejamos práticos, existem muitos milhares de pessoas, para além de mim, que nasceram no dia 5 de Abril.

Qualquer uma delas, que não eu, poderá não ter conseguido segurar-se e soltado um inocente:

"Caramba, pá! Estás sempre a chorar. Não se aguenta. Deixa-me comemorar o meu aniversário em paz e vai dar cabo dessa cabeça janada!"

Isso ou, à frente dele, ter cantado e dançado o "Cover Girl" dos New Kids on the Block.

Não fui eu, a sério.

Banda sonora:






terça-feira, abril 05, 2011

32 anos


Fuck!

Chegou a menopausa.

segunda-feira, abril 04, 2011

Sinto falta de uma semana romântica II


Ontem tive o gesto mais romântico de todos os tempos.

Mandei-o passear.

Interrompendo a emissão


Não há nada como acabar com uma situação patética para acordar para a vida.

As piores saudades saudades, as mais dolorosas são as que temos de nós próprios.

E eu tenho tido imensas. Sinto saudades de mim. Da miúda que sorria a toda a hora, pregava partidas, dizia e escrevia parvoíces com a maior boa disposição e, por isso, criou um blogue à medida. Da miúda que ia trabalhar aos fins de semana, sim, claro que só a seguir às aulas de dança mas levava bolos e gomas para o almoço dos colegas. Da miúda que não era caseira, passava a vida na praia, independentemente da estação do ano. Da miúda que tinha mil e um projectos pessoais e profissionais, energia de sobra mas principiava sempre o dia com uma bola de berlim e com um email estapafúrdio para os amigos. Da miúda que queria casar com o Indiana Jones porque tinham imenso em comum, a começar pelo pavor às cobras.

Lamentei-me. Ó se me lamentei. Todos vós foram perfeitas testemunhas. Pelo menos um ano de ai, ai, ai, ui, ui, ui, lágrima aqui, suspiro ali, isto e aquilo, iada, iada. Que grande seca.

Portanto, chega.

Quero-me de volta.

Amanhã começo por comemorar o meu aniversário.

Quando chegar da praia, encontrarei um cão num cestinho à porta, com olhos meigos e laço vermelho ao pescoço, como prova de mudança de ciclo.

E este blogue, com enormes pedidos de desculpas ao próprio e a vós todos, regressará à parvoíce.

Nem mais, nem menos que tudo isto.

Até já.

Nine months and counting

Aspecto do monitor do computador comunitário lá de casa


Nunca desiste, esta pequena casmurra.