terça-feira, setembro 18, 2012

Então, o que andas a fazer?


A defender o meu país. 

Sempre quis ir para fora mas as circunstâncias não o permitiram. Não obstante, Portugal continua a ser o melhor sítio para viver. É o meu país. É cá que está a minha família e a maior parte das pessoas que adoro.
Se me separei dele por uns tempos (o que não faltam por aqui são textos dos últimos anos a comprová-lo.), foi somente pela desilusão. Por ver braços caídos. Por ver que não se aproveita, que poderíamos ser tão melhores. Pelo cala e consente. 

Sábado passado (ou um pouco antes, com as reacções que ocuparam espaços virtuais e reais), voltei a sentir um orgulho que não sentia há muito. Vontade de arregaçar as mangas que não sentia há muito. Quero recuperar o que é meu. 

Por muito ingénuo que pareça, é basicamente isto. Não podemos desistir. Juntos temos a oportunidade de fazer, reconstruir, concertar o que quisermos. Colocar estes tipos num barquinho e enviá-los para o desterro nas Desertas. Chega de gozarem connosco. Chega de viverem à nossa custa. Chega de impunidade (TODOS chamados à justiça). Quem arrombou, que pague a dívida. A começar pela banca (Que passa incólume, como é possível?) e por estes filhos da putice. 

Uma palavra especial para os reformados. Muita gente se esquece que descontaram uma vida, confiando no sistema que haveriam de ter uma reforma garantida. Descontaram quatorze meses por ano, não doze. O dinheiro que lá está é deles e são UNICA E EXCLUSIVAMENTE os que a ele têm direito. Que merda de estado de justiça é este? 

Que merda de governo, que merda de pessoas são estas que fazem regabofe de tudo, incluindo da Constituição que é a nossa maior garante de direitos? Que põem os médicos a trabalhar horas seguidas muito além do permitido, sem direito ao descanso compensatório, se isso for intrometer-se no horário normal (Ou seja, nunca podem descansar. Isso é seguro? É humano?) Que desrespeitam os professores, médicos, enfermeiros, juízes, caramba, todos os funcionários públicos e põem o privado contra o público, como se os verdadeiros gatunos não fossem antes eles, os assessores, os amigalhaços dos tachos e regalias, os que transferem propriedade pública, mais valias e regalias a preço da chuva a quem bem lhes interessa, etc, etc. Esses sim, são o cancro, não só do público, como do privado.

O que mais me assusta já não é o facto de não conhecerem a realidade do país. Estes filhos da putice que nasceram, criaram-se e formaram-se nas jotas que só conhecem jantares, festas e campanha. O que mais me assusta é o facto de não quererem saber, é o facto de deliberadamente ansiarem por espezinhar um povo, retirar-lhe o que é dele. Para o bem de quê, se não são medidas capazes e orientadas ao resultado?

O que está por detrás disto? Empobrecer todos para que não possam consumir produtos importados? Que merda de economistas são eles? Sabendo que quase nada se produz por cá, graças ao tipo calado que nem um rato, que se senta na cadeira da Presidência, é para morrer à fome? É. Vivermos sem capacidades, num país com moeda forte, seria o descalabro. Repito, que merda de economistas são estes? Certamente sequer alguma vez geriram a própria casa, quanto mais poderão gerir um país.

Que raio de ideologia é esta? O que é que se passa na Europa?

Por isso, digo basta. 

A legitimidade democrática não se conquista só com o voto. Quem a dá, também a poderá retirar.

Por mim, perderam-na e quero-os longe dos lugares onde se sentam.

Acabaram-se os brandos costumes. Acabou-se o queixar para o ar e cruzar os braços.

Está na hora de recuperarmos as nossas vidas.

(Para os que me perguntarem pelas soluções, tenho três páginas delas, ainda em construção, mas meus caros, seriam uma limpeza. Limpeza e muito tomate.)

quinta-feira, setembro 06, 2012

Novo ano, novas mudanças e mais tutus




Estou a experimentar uma nova academia de dança. 

A do ano que passou tinha poucas aulas de Ballet, só de uma hora, nível muito iniciado e  estava cansada de fazer aulas aqui e ali para matar saudades.

Na segunda aula, quando já estava literalmente a morrer com os tornozelos a tremelicar, assim como quem não quer nada mas terá de ser assim e com um sorrisinho, a professora largou para o ar que gostaria muito que fizesse a aula de maillot preto e collants cor-de-rosa. 

Pestanejei. 

Maillot preto e collants cor-de-rosa. Ou seja, à menina, à antiga, à boa maneira da disciplina, nada como estas coisas de agora em que somos adultas e se me apetecer levar uma t-shirt larga sobre o maillot, umas calças, uns calções ou um maillot de qualquer cor, levo. 

Por acaso, estava de maillot azul escuro, collants de Ballet sem pés, cor-de-rosa, calções curtos e uma regata larga, também de Ballet. Coque e sapatilhas. Já muito à bailarina, como diziam na academia anterior, em que a maioria ia de meias, calças e t-shirt como lhes apetecesse e apanhavam o cabelo num rabo de cavalo ao acaso.

A dança tem uma coisa muito boa no que respeita ao descomplexar o nosso corpo. Rapidamente, passamos a usar maillots, leggings justos, mais ou menos transparentes, collants, calções muito curtos, mostra isto, mostra aquilo, contacto físico, etc mas, caramba, mostrar o rabo e a barriga todos os dias?

Além do mais, o que farei aos meus oitocentos maillots, leggings e collants de outras cores que já tenho e aos novos que encomendei num fantástico tom de vinho?

De rabinho encolhido, olhei à minha volta. As raparigas assim estavam vestidas, sendo que boa parte delas terá, pelo menos, menos dez anos do que eu. Duas, tinham uns calções minúsculos. Duas!

Afaguei a barriga, soltei uma lágrima imperceptível e preparei-me para o óbvio.

Fomos muito felizes, chocolate. Tivemos bons momentos, gomas. Doce de tomate, sempre foste o meu preferido. Ferraduras de chocolate, bolas de Berlim, pastéis de nata com canela, fondants, lasagna, risottos, batatas fritas e por aí adiante, que sempre tiveram lugar diário nos meus estômago e coração. Está na hora de dizermos adeus e aceitar aquelas coisas estranhas das maçãs e peixe cozido.