terça-feira, dezembro 23, 2014

Jingle Bells * Batman Smells * Robin laid an egg * The Batmobile * Lost a wheel * And the Joker got away!




O meu Facebook pessoal é uma pérola. 

Muitas vezes, tenho de segurar a minha impulsividade tempestiva, contar até 93843958945849568968, respirar fundo tudo isso vezes dois ou três, para não comentar.

A verdade é que se cascasse e gozasse com cada coisa que publicam, já não teria amigos.

Já sou uma pessoa complicada, com os seus bonecos de vudu que chegam e sobram. Eu e a minha língua que salta sempre para a verdade, doa a quem doer ou (na maioria das vezes) mesmo com as melhores das intenções mas que dá asneira e torna-me numa persona non grata, mais rápido do que o Speedy Gonzalez diz "Andale!".

O meu preferido dos últimos dias é um conhecido dos tempos da faculdade.

Ora, este senhor passa o ano inteiro a esfregar na nossa cara que é ateu, detesta as religiões, que as religiões são para gente burra e por aí fora. Não há dia que não semeie no mural alguma consideração sobre o assunto, cartoon ou ambos. Não sou uma pessoa propriamente religiosa mas aquilo é cansativo.

Pasmem-se.

Nos últimos dias, é tão somente o maior entusiasta do Natal que já vi. 

Ele é fotos com o gorro do pai Natal, ele é fotos com as hastes da rena (!), ele é fotos de árvores de Natal, das iluminações, dos presépios, ele é "ho ho ho's". Ele é todo o espírito natalício, como se tivesse sugado a alma a meia centena de crianças menores de quatro anos e todo o arco-íris dos Ursinhos Carinhosos.

Então mas e... o Natal... pois, então e... meu caro... festas religiosas já pode?

Não me aguento. Mordo a língua. Morde! Morde a língua!

Mordo a língua mas faço printscreens de tudo. Tudo. Não escapa um fio da lampreia de ovos ou uma pitada de açúcar da rabanada.

Ele que regresse aos posts "crentes, ó pessoinhas tão burras e limitadas, que sois!". Tenho munições para, pelo menos, seis meses.

Já sei. Eu e a minha eterna incapacidade de ter diplomacia e savoir faire.

Vou morrer sozinha e isolada. Já não é novidade para ninguém. 

Enrolada em vários xailes, tendo a devota Cacau, já desdentada e um pouco mouca, a velar por mim.

Na lápide ler-se-á "Aqui jaz uma chata, implicante, desagradável e inconveniente. Ninguém a chora pois já ninguém se dava com ela."

terça-feira, dezembro 16, 2014

Ia escrever isto no Facebook mas ficou muito grande e depois lembrei-me "Ena, o blogue existe!"



Ontem, corri os três centros comerciais do Saldanha à procura de uns bons crepes ou waffles com chocolate ou canela. 

Nem um! 

Quanto maior era a procura, maior era a vontade. Na verdade, tenho de confessar que depois do almoço já estava com essa fisgada. Ah e tal, tenho de ir ao Saldanha, aproveito e depois lancho em grande, já estou a imaginar, rios de chocolate sobre um crepe ou uma waffle eroticamente polvilhada com açúcar e canela.

Quem sabe, um chocolate quente para acompanhar. Sim, definitivamente. Depois, faço mais uma aula de dança do que o habitual.

Será escusado dizer que tinha acabado de almoçar e já salivava.

Demanda impossível.

Em cada sítio onde existia uma casa dessas estava agora plantada uma de sumos detox/pseudosaudáveis/etc, tostas light e o camandro, só que, como seria de esperar, completamente às moscas. Pois é, estamos em Dezembro, época natalícia e com frio até aos ossos. Ninguém quer saber dos ditos verdes, pelo menos até Março! E ainda bem. Aquilo dá cabo do sistema, minha gente. A não ser que queiram virar panelas de incontinência de matéria fecal. Para o detox temos fígado, rins e pâncreas. (Quando, quando é que se convencem disso?)

Felizmente, o mostruário do meu Instagram viu as muitas fotos de sumos esverdeados, chia, batata doce, sementes várias, frango e diversos tipos de clorofila por coisas mais decentes e apelativas.

Fora a imbecilidade do #queméqueestaoaenganar 

Imaginem o seguinte cenário:

Foto: duas hastes pequenas de bróculos, acompanhadas de três rodelas de batata doce e um lombinho de pescada cozida coberto por sementes de papoila 

Hashtag: #foodporn

Foodporn? A sério? E os comentários, tanto do autor da publicação como dos visualizadores? "Tão bom!" "Que delícia!" A sério? A sério?

Voltando ao que interessa.

Fiquei sem o crepe em cama de chocolate, sem a waffle eroticamente polvilhada com açúcar e canela e sem o luxurioso, envolvente e espesso chocolate quente.

Senhores da restauração, 

Se não querem ver as vossas casas a fechar (Que é o que vai acontecer a estas porque são muitos meses de frio e a sonhar com paredes feitas de chocolate e não há renda milionária que resista.), já que insistem tanto em modas momentâneas e descartáveis, adaptem os vossos conceitos. Do "saudável" ao confortante é um instantinho de um crepe lambuzado em chocolate que fará qualquer barriga ou coração feliz. 

 Gordura também é formosura. E aquecedor natural no Inverno. Adeus contas de electricidade e de gás astronómicas.

Isso e sumos e iogurtes gelados a preços proibitivos (e ridículos). Dá-me vontade de ir ao Continente comprar um iogurte e colocá-lo na arca (Lá para o lanche deve estar só gelado) ou de andar com duas mangas, três laranjas e uma batedeira na carteira.

Já estive mais longe. Agora até já existem dióspiros de roer ao pontapé. Já não preciso de inventar que aquelas manchas na carteira são mesmo assim.